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Dizem que o chakra
anahata localiza-se na parte do corpo astral que corresponde ao coração. Portanto, no
corpo físico ele está ligado diretamente ao coração e ao plexo nervoso cardíaco,
sendo muitas vezes denominado de "chakra do coração". Contudo, em contraste
com a pequena área ocupada pelo coração físico, o espaço astral do chakra anahata é
muito grande e completamente disforme. Ele é escuro por natureza, porém quando ativado
torna-se muito brilhante. Dizem que nele reside a pureza.
A palavra anahata significa "invicto" ou "inviolado". Manifesta-se
nele o anahata nada, um som imaterial, contínuo, que não tem começo nem fim.
Para compreender melhor a significação do chakra anahata, precisamos primeiro sumarizar
as opiniões de Satyananda sobre o carma.
Derivada da raiz "kri" que significa "trabalhar", a palavra carma
indica a lei de causa e efeito, na qual todas as ações produzem seu próprio resultado.
Contudo, normalmente ela é utilizada para descrever um tipo de dívida pelas ações de
uma pessoa a serem sanadas ou pagas em um tempo futuro. Além disso, existem o carma
individual e o social ou coletivo porque as ações podem ser executadas por uma única
pessoa, por um grupo ou por toda a sociedade. Satyananda também distingue o carma
individual, o qual se origina nas próprias encarnações passadas de uma pessoa, e aquele
derivado de seus parentes e antecessores. Assim, existem três principais categorias de
débito cármico: a) o resultante das encamações passadas do indivíduo; b) o herdado de
seus familiares; c) o resultante das ações de sua sociedade ou de seu grupo social.
Todos esses fatores contribuem para formar o carma de uma pessoa; é preciso dedicar-se a
ele; é impossível evitá-lo.
Os três chakras inferiores - muladhara, svadhishthana e manipura - relacionam-se
diretamente com os sentidos e com a consciência que govema o corpo físico e sua
conservação. Funcionando dentro de um mundo fenomênico, a mente desses três chakras
está vinculada a lei do carma. Em outras palavras, neste nível o jiva (alma individual)
não está livre da relação causal entre as ações e suas conseqüências, suas
funções dependem do carma, e estão ligadas a ele. Independentemente de sua origem, se
ela está nas vidas passadas do indíviduo ou nas ações da sociedade a qual ele
pertence, o carma comanda totalmente o indivíduo nos níveis do muladhara e do
svadhishthana, até ser de alguma forma esgotado ou purificado. Porém, no nível do
manipura, o jiva começa a assumir um controle parcial, e pode, até certo ponto, agir sob
sua própria vontade.
Em contrapartida, a maneira de ser do chakra anahata transcende completamente o reino da
existência mundana. Ao contrário dos outros três, ele não está subordinado ao carma
desse mundo. Além disso, uma pessoa com o chakra anahata ativo pode receber diretamente
as tarefas do carma terreno, e ao mesmo tempo livrar-se dele. Neste nível, o jiva tem
condições de controlar o carma terrestre e exercer sua própria vontade na terra, de
modo a realizar todos os seus desejos. Esta é a maior diferença entre o anahata e os
chakras inferiores. Nos níveis inferiores a alma individual simplesmente aceita o que as
circunstâncias cármicas oferecem; no anahata, entretanto, ela pode fazer valer sua
própria vontade.
Este poder de cumprimento dos desejos é simbolizado pela "árvore do desejo" -
uma planta sempre verde chamada Kalpavriksha ilustrada dentro de um outro lótus
semelhante, abaixo do anahata no diagrama simbólico. Embora esteja presente em todas as
pessoas, está árvore funciona apenas quando o chakra anahata é desperto. Quando uma
pessoa desenvolve este poder, dizem que todos os seus desejos são realizados, sejam eles
bons ou maus. Portanto, Satyananda faz as seguintes advertências:
Antes de tentar despertar o chakra anahata, e imprescindível desenvolver a capacidade de
corrigir os pensamentos e os conceitos. Os maus pensamentos e os maus julgamentos tendem a
criar desarmonia e conflitos, principalmente quando uma pessoa com o anahata desperto tem
pensamentos errôneos e deseja que se cumpram.
Além do mais, deve-se manter uma atitude de constante otimismo. É preciso compartilhar a
paz interior e a harmonia com as outras pessoas, independentemente de qualquer
perturbação, conflito ou intenção maliciosa encontrada. A negatividade e o pessimismo
são obstáculos para o despertar do anahata. Portanto, até uma pessoa hedonista ou um
assassino devem ser tratados como pessoas boas; condições negativas tais como pobreza,
doença, conflito emocional, etc., devem ser consideradas, enfim, como fatores benéficos.
Na realidade, o desenvolvimento de tal atitude constantemente positiva é considerado um
método para despertar o anahata. Segundo Satyananda, também é importante manter o
seguinte pensamento: "Todo o mundo está dentro de mim. Eu estou em todas as pessoas.
Todas as pessoas estão em mim." Essa sua recomendação baseia-se, provavelmente, na
crença hindu de que Brahman, o ser absoluto do cosmos, mora no chakra anahata como Atman,
o verdadeiro ser individual. Brahman e Atman são, na essência, os mesmos. De fato, essa
concepção é importante tanto para despertar o anahata como para a realização do
Absoluto universal.
Satyananda também adverte seus discípulos dizendo que, em geral, depois do despertar e
da ascensão do shakti kundalini até um determinado chakra, quando surge na mente do
praticante algum pensamento negativo ou atitude pessimista, a kundalini retorna ao
muladhara. Se nesta altura ela chegou até o manipura e depois retornou, poderá ser
elevada novamente através do yoga ou de outras práticas espirituais. Entretanto, se ela
retomar depois de ter atingido o anahata, dificilmente será elevada de novo. Deve ficar
bem claro que aqueles que desejam despertar o anahata não podem, em momento algum, perder
o otimismo, independentemente das circunstâncias que encontrarem. Portanto, toda pessoa
que pretenda despertar a kundalini deve levar essas advertências a sério.
São muitas as habilidades paranormais resultantes do despertar do chakra anahata: a
capacidade de controlar o ar (vayu); o desenvolvimento de um amor cósmico, completamente
livre do individualismo; a eloquência, passa a caracterizar o praticante dotando-o de um
certo gênio poético; e, conforme mencionamos anteriormente, adquire-se o poder de
realizar todos os desejos.
O anahata controla o sentido do tato. Quando desperto, este sentido toma-se cada vez mais
sutil, podendo-se perceber até a matéria astral, através do sentido do tato astral.
Essa sensação pode então ser comunicada aos outros. Portanto, a parte do corpo
relacionada com o anahata é a pele, e seu principal orgão ativo são as mãos.
Além dessas habilidades paranormais mencionadas por Satyananda, desenvolvem-se poderes de
cura psíquica. O prana pode ser transmitido pelas palmas das mãos para uma parte doente
do corpo de outra pessoa. A famosa técnica de "imposição das mãos" está
possivelmente relacionada com a estreita conexão entre o anahata e as mãos.
Desenvolvem-se também poderes psicocinéticos.
O lótus do chakra anahata possui doze pétalas vermelhas, onde estão inscritas as letras
Kam, Khan, Gam, Gham, Ngam, Cham, Chham, Jam, Jham, Nyam, Tam e Than. O tattva
correspondente é vayu (ar ou vento) simbolizado por uma estrela hexagonal, yantra do
anahata. Conforme já mencionamos, o triângulo invertido representa o shakti, a forma
material, enquanto o triângulo em pé representa Shiva, a consciência. O yantra possui
uma cor enfumaçada, e o bija mantra é Yam. Apoiado nas costas de um antílope preto, é
um símbolo de vivacidade. Satyananda afirma que o mantra Om Shanti (shanti significa paz
interior) pertence ao anahata. A divindade feminina e Kali (ou Kakini); ela esta adornada
com um colar de ossos humanos. A entidade masculina é Isha ou Rudra.
O anahata possui o granthi Vishnu (nó). Conforme mencionamos antes, os chakras que
possuem granthis (muladhara, anahata e ajna) tem uma importância especial. Apenas depois
de ativados e de estes nós serem desatados é que a kundalini poderá prosseguir no
processo de evolução espiritual.
Características: amor, solidariedade,
religiosidade, alegria, autoridade, compreensão, generosidade, nobreza e compaixão.
Aspectos Negativos: passividade, falta de motivação ou confiança,
angústia, desespero, aversão, ódio e agressividade. |