Svadhishthana Chakra
Descrição de Swami Satyananda Saraswati

svadhisthana.jpg (6516 bytes)

A palavra svadhishthana significa literalmente "morada própria. Isso deixa claro que a morada original da kundalini era neste chakra; subsequentemente ela passou a se estabelecer no muladhara.
De fato, essa teoria corresponde a migração física dos testículos masculinos durante o periodo vivíparo. Nos primeiros meses, eles se localizam dentro do abdomen inferior; então descem gradualmente para, afinal, se estabelecer na região da virilha. Logicamente, os órgãos sexuais possuem estreita relação com a energia shakti, e esse movimento é muito semelhante ao da suposta migração da kundalini. Segundo Satyananda, o svadhishthana localiza-se no coccix, ao lado do muladhara, e ambos estão ligados aos plexos nervosos sacral e coccígeo.
A explanação de Satyananda sobre o svadhishthana e o inconsciente é muito interessante. Ele afirma que o centro do cérebro ligado ao svadhishthana controla todas as fases da mente inconsciente, em particular o inconsciente coletivo. Este inconsciente é mais poderoso do que o individual e controla grande parte do comportamento humano, embora muitas pessoas o desconheçam por completo. Todas as experiências da vida cotidiana, quer sejam importantes para a pessoa, quer sejam conscientes, quer não sejam, são registradas no centro da inconsciência, o svadhishthana. Portanto, este centro encerra não apenas o carma das vidas passadas, como também todas as experiências e carmas relacionados que tem contribuído para o processo da evolução humana. Parte deste carma é guardado como semente adormecida, e outra parte mantém-se ativa. Seja ele ativo ou inativo, é raro que a consciência da pessoa esteja ciente de seu carma. Contudo, quando a kundalini ativa começa a subir, acionando o processo de evolução psíquica, ambos os carmas, o ativo e o dormente, são desencadeados e invadem o consciente. Se a pessoa não puder analisar ou controlar este carma acumulado no svadhishthana, então a kundalini se retrai, voltando para o muladhara.
Nesse sentido, o chakra svadhishthana e o carma acumulado nele são um grande impedimento para a evolução espiritual do ser humano. A melhor forma de superar esta barreira é despertar primeiramente o chakra ajna. O superconsciente que habita o ajna está completamente ciente das atividades da mente inconsciente do svadhishthana, e pode controlar todo o carma desencadeado.
A essa altura da explanação, seria muito válido expor um resumo das opiniões de Satyananda sobre a evolução humana.
A criação da vida se dá quando o prakriti (a substância original) se manifesta, ordenado pela consciência de purusha (espírito, o Ser Verdadeiro). A medida que a matéria sofre uma série de transformações, realizam-se sucessivos estágios na evolução animal, e os sete chakras inferiores, que existem nos humanos abaixo do muladhara, são desenvolvidos e ativados gradativamente. Quando esse processo atinge o chakra muladhara, termina a evolução animal e começa a humana. Os seis chakras superiores representam a extensão completa do possível desenvolvimento humano. Segundo a tradição tântrica tibetana, acima do sahasrara existe uma outra série de sete chakras que corresponde a evolução dos seres divinos. Portanto, assim como o muladhara é considerado o mais elevado dos animais e o mais baixo dos chakras humanos, o sahasrara pode ser visto como ponto de transposição entre a evolução humana e a evolução divina.
No tantra, então, o processo infinito de evolução é descrito em termos de chakras, desde o Absoluto - o estado anterior à criação, antes da interação do purusha e prakriti - até a criação do mundo fenomênico, os reinos animal e humano, a dimensão dos seres divinos e assim por diante. Esse conceito tem por base a crença no progresso da evolução espiritual de todas as coisas criadas e reconhece a importância dos chakras neste processo. Esse sistema é a base das tradições esotéricas do yoga e do Budismo na Índia, no Tibete e no Nepal.
A esse respeito, Satyananda contesta que grande parte das experiências comuns passadas durante o processo da evolução animal esteja guardada no interior do chakra muladhara, em forma de tendências cármicas e habilidades latentes. Por exemplo, muitas das atividades físicas do homem - dormir, comer, evacuar - são funções desenvolvidas durante o estágio da evolução animal, e ainda operam devido à atividade desse chakra. Assim, o carma de natureza animal do homem está ativo e em funcionamento no muladhara.
Em contrapartida, o carma do svadhishthana está quase que completamente inativo, sem qualquer forma manifesta. Ele existe apenas como inconsciente coletivo, a força cármica residual da evolução passada. Nesse sentido, é ainda mais básico do que o muladhara, a fonte primária do último carma animal. As forças contidas dentro do svadhishthana são muito poderosas e irracionais, formam uma grande barreira para a elevação da kundalini. Muitas vezes, a kundalini retorna para seu estado dormente no muladhara, vencida pelo carma impenetrável do svadhishthana. Entretanto, quando o último chakra for ativado e controlado, o carma animal do muladhara será dominado, então serão possíveis novos progressos.
Num sentido mais amplo, dizem que, sempre que um chakra superior for ativado pela kundalini, suas funções e seu raio de ação começam a predominar sobre os chakras inferiores. Todavia, o relacionamento entre esses dois chakras é tão notável e tão íntimo, que deve ser cuidadosamente observado.
O diagrama tradicional do chakra svadhishthana contém um crocodilo dentro de uma lua crescente. O crocodilo representa as forças do inconsciente, o carma disforme. A lua crescente é formada por dois círculos, o maior possui pétalas viradas para fora e no menor as pétalas estão viradas para dentro. O círculo interior representa a existência um tanto fantasmagórica do inconsciente, apoiado nas costas do crocodilo.
A divindade reinante é Brahma, o criador. Algumas vezes ele é descrito como o kliranya-garba, "o útero de ouro", pelo fato de todas as criaturas se originarem dele. Satyananda considera Hiranya-garba como sendo o inconsciente coletivo de svadhishthana. A entidade feminina deste chakra é Sarasvati, a deusa da sabedoria; ela aparece também na forma de Rakini, a deusa do reino vegetal. O chakra svadhishthana está diretamente ligado ao mundo vegetal, portanto é muito importante seguir uma dieta vegetariana para poder despertá-lo.
As seis pétalas vermelhas deste chakra contém as sílabas Lam, Ram, Yam, Mam, Bam e Bham. O princípio govemante (tattva) é a água (apas); o yantra é a branca lua crescente e seu bija mantra é Vam.
O chakra svadhishthana associa-se ao sentido do paladar portanto seu "orgão de conhecimento" é a língua. Seus "orgãos de atividade" são os orgãos sexuais e os rins. Ele também está ligado diretamente ao plexo nervoso prostático.
Quando o chakra svadhishthana é ativado, surgem as seguintes habilidades paranormais: aumento do poder de intuição, conhecimento do corpo astral e capacidade de criar sensações de paladar em si próprio ou em outras pessoas (um determinado gosto na boca sem nada ter comido).

Características: valor, coragem, reações positivas ante os obstáculos, criatividade, vitalidade e domínio sobre as paixões.
Aspectos Negativos: agressividade, violência, excessos, vergonha, autodestruição, obsessão sexual, domínio e solidão.