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A palavra
svadhishthana significa literalmente "morada própria. Isso deixa claro que a morada
original da kundalini era neste chakra; subsequentemente ela passou a se estabelecer no
muladhara.
De fato, essa teoria corresponde a migração física dos testículos masculinos durante o
periodo vivíparo. Nos primeiros meses, eles se localizam dentro do abdomen inferior;
então descem gradualmente para, afinal, se estabelecer na região da virilha.
Logicamente, os órgãos sexuais possuem estreita relação com a energia shakti, e esse
movimento é muito semelhante ao da suposta migração da kundalini. Segundo Satyananda, o
svadhishthana localiza-se no coccix, ao lado do muladhara, e ambos estão ligados aos
plexos nervosos sacral e coccígeo.
A explanação de Satyananda sobre o svadhishthana e o inconsciente é muito interessante.
Ele afirma que o centro do cérebro ligado ao svadhishthana controla todas as fases da
mente inconsciente, em particular o inconsciente coletivo. Este inconsciente é mais
poderoso do que o individual e controla grande parte do comportamento humano, embora
muitas pessoas o desconheçam por completo. Todas as experiências da vida cotidiana, quer
sejam importantes para a pessoa, quer sejam conscientes, quer não sejam, são registradas
no centro da inconsciência, o svadhishthana. Portanto, este centro encerra não apenas o
carma das vidas passadas, como também todas as experiências e carmas relacionados que
tem contribuído para o processo da evolução humana. Parte deste carma é guardado como
semente adormecida, e outra parte mantém-se ativa. Seja ele ativo ou inativo, é raro que
a consciência da pessoa esteja ciente de seu carma. Contudo, quando a kundalini ativa
começa a subir, acionando o processo de evolução psíquica, ambos os carmas, o ativo e
o dormente, são desencadeados e invadem o consciente. Se a pessoa não puder analisar ou
controlar este carma acumulado no svadhishthana, então a kundalini se retrai, voltando
para o muladhara.
Nesse sentido, o chakra svadhishthana e o carma acumulado nele são um grande impedimento
para a evolução espiritual do ser humano. A melhor forma de superar esta barreira é
despertar primeiramente o chakra ajna. O superconsciente que habita o ajna está
completamente ciente das atividades da mente inconsciente do svadhishthana, e pode
controlar todo o carma desencadeado.
A essa altura da explanação, seria muito válido expor um resumo das opiniões de
Satyananda sobre a evolução humana.
A criação da vida se dá quando o prakriti (a substância original) se manifesta,
ordenado pela consciência de purusha (espírito, o Ser Verdadeiro). A medida que a
matéria sofre uma série de transformações, realizam-se sucessivos estágios na
evolução animal, e os sete chakras inferiores, que existem nos humanos abaixo do
muladhara, são desenvolvidos e ativados gradativamente. Quando esse processo atinge o
chakra muladhara, termina a evolução animal e começa a humana. Os seis chakras
superiores representam a extensão completa do possível desenvolvimento humano. Segundo a
tradição tântrica tibetana, acima do sahasrara existe uma outra série de sete chakras
que corresponde a evolução dos seres divinos. Portanto, assim como o muladhara é
considerado o mais elevado dos animais e o mais baixo dos chakras humanos, o sahasrara
pode ser visto como ponto de transposição entre a evolução humana e a evolução
divina.
No tantra, então, o processo infinito de evolução é descrito em termos de chakras,
desde o Absoluto - o estado anterior à criação, antes da interação do purusha e
prakriti - até a criação do mundo fenomênico, os reinos animal e humano, a dimensão
dos seres divinos e assim por diante. Esse conceito tem por base a crença no progresso da
evolução espiritual de todas as coisas criadas e reconhece a importância dos chakras
neste processo. Esse sistema é a base das tradições esotéricas do yoga e do Budismo na
Índia, no Tibete e no Nepal.
A esse respeito, Satyananda contesta que grande parte das experiências comuns passadas
durante o processo da evolução animal esteja guardada no interior do chakra muladhara,
em forma de tendências cármicas e habilidades latentes. Por exemplo, muitas das
atividades físicas do homem - dormir, comer, evacuar - são funções desenvolvidas
durante o estágio da evolução animal, e ainda operam devido à atividade desse chakra.
Assim, o carma de natureza animal do homem está ativo e em funcionamento no muladhara.
Em contrapartida, o carma do svadhishthana está quase que completamente inativo, sem
qualquer forma manifesta. Ele existe apenas como inconsciente coletivo, a força cármica
residual da evolução passada. Nesse sentido, é ainda mais básico do que o muladhara, a
fonte primária do último carma animal. As forças contidas dentro do svadhishthana são
muito poderosas e irracionais, formam uma grande barreira para a elevação da kundalini.
Muitas vezes, a kundalini retorna para seu estado dormente no muladhara, vencida pelo
carma impenetrável do svadhishthana. Entretanto, quando o último chakra for ativado e
controlado, o carma animal do muladhara será dominado, então serão possíveis novos
progressos.
Num sentido mais amplo, dizem que, sempre que um chakra superior for ativado pela
kundalini, suas funções e seu raio de ação começam a predominar sobre os chakras
inferiores. Todavia, o relacionamento entre esses dois chakras é tão notável e tão
íntimo, que deve ser cuidadosamente observado.
O diagrama tradicional do chakra svadhishthana contém um crocodilo dentro de uma lua
crescente. O crocodilo representa as forças do inconsciente, o carma disforme. A lua
crescente é formada por dois círculos, o maior possui pétalas viradas para fora e no
menor as pétalas estão viradas para dentro. O círculo interior representa a existência
um tanto fantasmagórica do inconsciente, apoiado nas costas do crocodilo.
A divindade reinante é Brahma, o criador. Algumas vezes ele é descrito como o
kliranya-garba, "o útero de ouro", pelo fato de todas as criaturas se
originarem dele. Satyananda considera Hiranya-garba como sendo o inconsciente coletivo de
svadhishthana. A entidade feminina deste chakra é Sarasvati, a deusa da sabedoria; ela
aparece também na forma de Rakini, a deusa do reino vegetal. O chakra svadhishthana está
diretamente ligado ao mundo vegetal, portanto é muito importante seguir uma dieta
vegetariana para poder despertá-lo.
As seis pétalas vermelhas deste chakra contém as sílabas Lam, Ram, Yam, Mam, Bam e
Bham. O princípio govemante (tattva) é a água (apas); o yantra é a branca lua
crescente e seu bija mantra é Vam.
O chakra svadhishthana associa-se ao sentido do paladar portanto seu "orgão de
conhecimento" é a língua. Seus "orgãos de atividade" são os orgãos
sexuais e os rins. Ele também está ligado diretamente ao plexo nervoso prostático.
Quando o chakra svadhishthana é ativado, surgem as seguintes habilidades paranormais:
aumento do poder de intuição, conhecimento do corpo astral e capacidade de criar
sensações de paladar em si próprio ou em outras pessoas (um determinado gosto na boca
sem nada ter comido).
Características: valor, coragem, reações
positivas ante os obstáculos, criatividade, vitalidade e domínio sobre as paixões.
Aspectos Negativos: agressividade, violência, excessos, vergonha,
autodestruição, obsessão sexual, domínio e solidão. |