Manipura Chakra
Descrição de Swami Satyananda Saraswati

manipura.jpg (6521 bytes) Satyananda afirma que o manipura localiza-se na coluna vertebral atrás do umbigo. A palavra "manipura" quer dizer "repleto de jóias". No Tibete, este chakra é conhecido como "manipadma", ou seja, "lotus enfeitado com jóias". (Ver o famoso mantra de Avolokitesvara, o Bodhisattva da Compaixão: OM MANI PADME HUM). Segundo a tradição budista, o manipura também é denominado hara, que significa "partir", porque dizem que o shakti kundalini parte do manipura para sua ascensão. Conforme já pudemos verificar, existe uma forte tendência da kundalini descer depois que atingir o chakra svadhishthana; porém, depois de chegar até o manipura, dificilmente isso ocorrerá. A tradição budista tibetana ensina que o processo da verdadeira evolução espiritual começa quando a kundalini é ativada no manipura e começa sua ascensão. Na realidade, os chakras muladhara e svadhishthana não são descritos com muita clareza, provavelmente porque possuem traços da vida animal. Na yoga tântrica o manipura também é considerado o ponto de partida para a mais elevada evolução humana.
O tattva do chakra manipura é o fogo, um elemento intimamente ligado ao shakti e ao despertar da kundalini. No corpo físico, acredita-se que o manipura seja o centro do "fogo digestivo" que reduz o alimento a detritos (fezes) e extrai a energia vital. Também conhecido como o chakra do sol, o manipura relaciona-se com o plexo solar.
O despertar deste chakra traz como consequência aspectos positivos e negativos. Como vimos, quando a kundalini chega até o manipura e nele se fixa, a possibilidade de uma regressão permanente ao reino animal da consciência é mínima. Satyananda atribui a isso o nome de "despertar confirmado". Aqui desperta a consciência de Jiva, a alma individual. Oculto na consciência humana convencional, o jiva é a consciência espiritual pessoal que abrange todas as dimensões da evolução, desde a criação da mais ínfima forma dos reinos da natureza até o mundo dos seres divinos. Uma vez desperta esta consciência no manipura, segundo Satyananda, ela nunca retomara as dimensões animais.
O aspecto negativo disso é o fato de a superestimulação do manipura poder diminuir o período de vida do praticante. Isso ocorre porque o fogo ativado neste chakra queima o néctar sustentador da vida, que dizem ser produzido no bindu - o centro psíquico na parte posterior da caberça, representado por uma pequena e gelada lua crescente. Normalmente esse néctar desce para uma glândula na garganta (ligada diretamente ao chakra vishuddhi), onde é estocado. Entretanto, o fogo do manipura consome o néctar, causando um enfraquecimento acelerado do corpo.
Conforme descrito por alguns mestres, o prana divide-se em cinco subtipos ou "ventos" (vayu) distribuídos em todo o corpo; cada um controla uma região diferente, como segue:
Segundo Satyananda, a prática de unir conscientemente o prana ao apana na região do umbigo é muito importante para despertar o chakra manipura. Normalmente, na inspiração, o prana segue da garganta para o umbigo, e o apana desce do umbigo para o anus. Entretanto, quando o apana e dirigido conscientemente do muladhara, durante a inspiração, para encontrar-se com o prana na região do umbigo, essas duas energias se fundem, gerando uma grande força. Como o apana é elevado a partir do muladhara, ele carrega consigo o shakti kundalini; este shakti é fortalecido com a união apana-prana, e a decorrente supercarga de energia flui diretamente do umbigo para o manipura, na coluna vertebral.
Dizem que o muladhara associa-se com o reino físico; o svadhishthana com o reino intermediário, entre a dimensão física e a espiritual; e o manipura com o mundo espiritual - o reino dos céus.
Consequentemente, as habilidades paranormais resultantes do despertar o svadhishthana - telepatia, clarividência, clariaudiência, etc. - podem não estar completamente livres de interesse próprio, de negatividade, de emoção pessoal e de outros atributos mentais inconvenientes. Isso deve-se ao fato de a personalidade da pessoa continuar dentro do segundo estágio de evolução, e o ser egoísta vinculado a terra ainda manifestar sua influência. Contudo, quando uma pessoa evolui além dos limites da existência mortal e penetra no reino do manipura, ela atinge um estágio de consciência superior, repleto de infinita beleza, verdade e felicidade. Este chakra tem sido descrito tradicionalmente como jóia valiosa em diversas culturas para simbolizar estas qualidades incomparáveis. Nele não existem traços de preconceito ou de tendências pessoais. Assim, os siddhis (poderes paranormais) obtidos quando este chakra é desperto são de natureza benevolente e compassiva; entre eles encontram-se a habilidade de localizar tesouros escondidos, de dominar o fogo, a capacidade de ver o interior de um corpo, de livrar-se de males, e a habilidade de enviar prana para o sahasrara. Além disso, concentrar-se no chakra manipura traz grandes melhoras para a digestão.
O lótus do chakra manipura possui dez pétalas de cor azul escuro e, em cada uma, está inscrita uma letra sânscrita: Dam, Dham, Nam, Tam, Tham, Dam, Dham, Nam e Pam. Elas compõem vibrações sonoras e cada uma representa um nadi. A divindade feminina governante é Lakshmi (ou Lakini), de cuja boca gotejam gordura e sangue. A entidade masculina é Vishnu. O tattva do manipura é o fogo, cujo bija mantra é Ram; dentro do diagrama, ele se apoia no dorso de um carneiro. Seu yantra é um triângulo invertido, muitas vezes ilustrado por marcas em forma de T, de cada lado.

Características: bem-estar, poder, consciência do eu, impulso pelo autoconhecimento, confiança e discernimento.
Aspectos Negativos: egoísmo, domínio sobre os demais, distorção da sexualidade, ambição, arrogância e raiva.